sábado, 2 de fevereiro de 2013

O que é um beijo francês?

O livro de estreia de Stephanie Perkins é muito bom. Uma comédia romântica adolescente sem ser melosa (durante a maior parte do tempo) e com um humor muito peculiar. A tradução ruim atrapalha (e muito) o entendimento da maioria das coisas, mas dá pra engolir. O título, porém, não tem nada a ver com o livro. Você termina e se pergunta: o que é esse tal beijo francês, afinal? Por que o livro tem esse nome?
Outra coisa estranha no texto de Stephanie é a crítica evidente que ela faz aos livros de Nicholas Sparks - os leitores dele entenderão quando lerem Stephenie. Acho que ela não deveria fazer isso com um colega escritor, mesmo porque Nicholas vende muito, e é sucesso em mais de 40 países antes do livro dela ter saído da impressora da casa dela. Cada um tem seu público, né? Chato isso. Gostei do livro de Perkins - foi um dos dois que consegui ler durante minhas férias - o outro foi Um homem de sorte, de Nicholas Sparks. Dois autores. Duas escritas.
Gosto da forma que Perkins caracteriza seus personagens, mas às vezes me confundo com os diálogos. Alguns deles (dos personagens) são rasos e com pouco personalidade, ou não consegui absorver a personalidade e ligar ao personagem, o que me confundiu bastante. Mas isso não tirou o prazer da leitura fácil e da trama quase sem trama de Anna e o Beijo Francês. Ainda me pergunto. O que é um beijo francês? Leia, mas não espere descobrir.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sortudo e bom de cama



Com um homem desses solto por aí, solteiro, lindo, bem educado e bom de cama, o livro deveria se chamar “uma mulher de sorte”

Classificação: 
 









               Comecei a ler Um homem de sorte, de Nicholas Sparks, por causa do comentário de uma leitora do blog Observatório Clube de Autores, para o qual também escrevo ( http://observatorioclubedeautores.blogspot.com.br/  ). Somente por isso. Confesso que, antes desse fatídico acontecimento e enquanto leitor compulsivo do sempre bom senhor Sparks, vi o livro na vitrine da única livraria de minha cidade, tive o desejo de comprar, mas logo desisti. Isso foi um pouco depois do livro ter chegado ao Brasil. Depois o filme foi anunciado, provavelmente assistirei, mas com toda certeza evitarei fazer comparações com o livro – ou pelo menos não as escreverei no meu blog. Um longo tempo até agora. Comprei o livro no sábado passado pela manhã – e hoje, quarta feira, terminei de lê-lo. Cinco dias. Um recorde pessoal. E mais um bom livro do aclamado senhor Sparks.
                Com o perdão da referência, o melhor de Nicholas está neste livro. É uma história de amor meio boba, e que se torna extremamente verossímil nas mãos do rei do drama familiar. Não há ninguém morrendo de câncer aqui, nem avançando lentamente por um caminho de Alzheimer, muito menos com a culpa da morte de alguém nas costas (se bem que Nana sofreu um AVC)... Apenas um homem perturbado pelos horrores da guerra (Logan Thibault) e uma professora primária encalhada há dez anos (Elizabeth/Beth), graças ao marido (Clayton) que afasta seus pretendentes. Esses são os três principais personagens sobre os quais a trama se constrói, como já imaginamos, colocando Beth e Logan de totais estranhos a amantes insaciáveis. Sim, você não leu errado minha senhora. Insaciáveis. Em duas ou mais partes do livro Nicholas afirma que os dois “passaram a noite fazendo amor”. Minha nossa senhora! Também, para alguém que viajou a pé do Colorado até Hampton, aprofundar-se umas cem vezes numa viajem um pouco menor não me parece problema algum. Além dos três, o filho de Beth (Ben), a avó (Nana) e o pastor alemão comprado por Logan pessoalmente na Alemanha (Zeus) somam o resto do elenco.
                Clayton – o primeiro personagem a aparecer, antes mesmo de Thibaut – é o típico ex marido recalcado, que não suporta ver mulher com outro homem e faz de tudo para que ela continue sozinha. Ele, por outro lado, pode – e tem – quantas namoradas desejar. Também é um policial arrogante e imbecil (sugestivo, né), que, protegido pela força do pai, não precisa justificar seus atos – o tal personagem lixo, feito somente para ser odiado. Nana faz o já conhecido papel da idosa saliente, que não tem trava na língua e é muito divertida – um dos melhores personagens. Logan é ex fuzileiro, do tipo calado e introspectivo belo/gostoso/recalcado(?)/irresistível. Beth é a professora que criou o filho praticamente sem o pai – com a ajuda de Nana. Ben é o garoto inteligente e sensível, que detesta futebol e prefere livros e violinos (além de piano). Por fim, Zeus é o cão – talvez o mais carismático deles. Sparks nomeia cada capítulo com o nome de um ou dois personagens, os que mais se destacarem naquela passagem em específico. Os capítulos tem variação de tamanho, de duas a vinte e quatro páginas. Percebe-se que o tamanho dos mesmos diminui com o aproximar do fim do livro. Os melhores são os que tratam da vida cotidiana dos personagens, e os piores são os que descrevem o passado de Logan enquanto fuzileiro – quebram com o clima doce do livro e trazem a ação, mas simplesmente não gostei, achei chato e desestimulante. Parece romper com a proposta do tema inicial. Esquecendo isso, a maneira como Sparks conta a história é maravilhosa. O nascer da paixão de Beth por Logan, a aproximação dos dois, as investidas dela – sim, porque se esperasse por ele acho que nada aconteceria. Tudo flui perfeitamente até o conflito que, inevitavelmente, os separaria. Aí o leite azeda.
                Como já disse antes, o melhor de Nicholas está aqui. Uma escrita concisa e madura, com o desenrolar da história o mais familiar possível. Sparks quer que você conheça os personagens, se apaixone por eles ou os odeie na medida em que vai construindo o romance. O gancho até que é interessante, e deixa um quê de o que vai acontecer depois? O problema é que tal gancho cria também um buraco negro, que culmina com o principal conflito do livro: a foto. Logan utilizou-se de uma foto para chegar até Beth, e até aí tudo bem, aceitaria isso com tranqüilidade, sem maiores questionamentos. Não me importa se o homem é melhor do que os melhores satélites da NASA em localizar pessoas, isso não me incomoda em nada. O problema é que a tal foto se torna o pivô da separação de Beth e Logan logo após ela descobrir que ele carregava tal artefato, mas não a tinha mostrado à ela, nem contado o porque de sua aproximação. Nesse ponto Sparks até que se esforça em construir um bom motivo, com argumentos à altura, mas simplesmente não convence. Pera lá, né? Stella Porto, no fim das contas, tinha razão. “Dar chilique” com o namorado porque ele não contou que chegou até ela por causa de uma foto? Terminar por isso? Acreditar, depois de um pouco de veneno do ex marido, que Logan era um sociopata? Pelo amor de Deus, Nicholas, onde está o conflito verdadeiro? E o questionamento de valores? Nada? Só por causa de uma foto? Além disso, todos se perguntam: por que raios ele não contou desde o início o motivo de sua chegada a Hampton à Beth? Numa das passagens do livro Sparks escreve que Logan também se questionou sobre isso, mas não obteve uma resposta. Não convenceu. A trama também é um pouco mal aproveitada. Os pesadelos de Logan logo tomam importância secundária na trama, e Sparks simplesmente não cria um único conflito sobre isso. Os capítulos finais são os mais corridos, talvez com a intenção de dar agilidade à trama, mas o efeito é desastroso. O livro começa com um ritmo familiar e termina como fim de feira, com direito a cenas mal explicadas de morte (de propósito) para depois tentar nos surpreender. Além disso, a falsa redenção de Clayton não convence ninguém. Foi só para tirá-lo do caminho de Beth mesmo. De resto, tudo é de Nicholas. Divertido, envolvente e interessante. Só o título tinha de ser diferente. Afinal, Beth parece ser a sortuda ali.
 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Hóspede maldita


Classificação:

A hospedeira, último sucesso de Stephenie Meyer, é um livro que pode decepcionar - e muito - quem gosta de histórias surpreendentes e, mais do que isso, contundentes. Meyer, e eu já escrevi isso antes em outros espaços que não no meu blog, escreve como quem não sabe o que é interessante e o que não é. Pode até ser interessante para ela cada uma das chatas passagens de seu livro (e são muitas) mas isso não quer dizer que seja tão legal assim para o leitor - pelo menos para aqueles que tem cérebro em perfeito funcionamento. O livro arrasta-se de uma forma que é impossível saber qual o objetivo da autora - se é contar-nos a história ou simplesmente encher páginas e mais páginas de besteiras. Não critico o futuro traçado por ela, que é legal e interessante, mas a forma como a história é contada. Acontece que ela abocanha o lado mais podre e chato da maçã: uma história de amor com um casal chato e tedioso - imagine a vida de casados dos dois, que feijão com arroz que não deve ser. 

Nem sei quanto tempo demorei para terminar o livro - tem gente que abandonou depois das 50 primeiras páginas - mas acho que levei mais de seis meses. O fim, como era de se esperar de uma autora caça-niqueis, abre espaço para uma continuação - que nem saberemos se virá ou não. Espero que não. Cuidado: tem gente que diz que o livro é perfeito só porque narra a aparição de quinhentos homens sem utilidade nenhuma e elege um - o mais bonito/interessante/gostoso - para ficar com a hóspede. Isso pode tedioso para os homens que buscam emoção e aventura...
No fim, não vale a pena. Arrisque quem quiser.
Esperarei pelo filme para ver no que dá...


terça-feira, 14 de agosto de 2012

O que há com Laura?

O caso Laura, de André Vianco, foca a vida de uma mulher frágil e destruída por um segredo do passado, que se agarra ao que sobrou de sua vida – muito pouco – e aos encontros com um misterioso homem chamado Miguel.

Classificação:







                  É certo que o texto de Vianco supera muitas de nossas expectativas. É certo também que ele não consegue guardar segredo. Bem, supondo que ele queira guardá-los, e que isso faria bem ao leitor. Cada um entende de seus escritos, e os de Vianco, apesar de bons, não servem para ocultar nada. De resto, o livro cumpre seu papel.
                Laura é uma mulher perturbada. Já tentou cometer suicídio mais de uma vez, e agora trabalha restaurando arte com sua amiga Simone. Marcel é um detetive contratado para investigar Laura. Alan é um policial que faz justiça com as próprias mãos. Os acontecimentos que permeiam a existência de tais personagens tem um ponto em comum. Esse ponto em comum é a filosofia do livro, que, em sua mensagem, nos lembra Paulo Coelho, mas sem a falta de literatura deste. Só a mensagem mesmo. Nesse ponto o livro é bonitinho.
                Vianco consegue tecer uma trama sem ser chato. Ele fala de seres humanos, com todos os seus defeitos e problemas. E fala disso com humanidade, e com a palavra de quem tem o que dizer. Esse é o forte do livro. Há palavrões, mas, como já escrevi em outra crítica, ele não seria brasileiro se não fizesse isso.
                O caso Laura se desenrola com a naturalidade de uma história proseada, e com os encantos de um romance bem pensado. A trama familiar ao redor da personagem e a descrição de seu desespero nos soam com familiares, e instigantemente verdadeiros. Vianco tem o dom de criar situações e personagens bem delineados, sem exageros em descrições e uma boa interação com a história. Isso é o melhor dele.
                Agora, o fato de ele sugerir a identidade de Miguel não incomoda, mas tira um pouco do brilho. O final, por outro lado, é surpreendente. E bonito. Vianco parece tentar mostrar que o liame que nos segura a esta vida pode se romper e se reconstituir de formas inimagináveis para meros mortais. E que as coisas nem sempre são como elas parecem ser. Mais uma vez um pouco de Paulo Coelho – pelo menos na magia, ao passo que Vianco sabe criar uma trama de verdade e não somente um motivo para dizer uma frase de incentivo.
                Se O caso Laura não agradar a alguém será apenas por não guardar segredo de nada, ou não tentar guardar. Mas, se isso fizer parte dos planos do autor, então está tudo certo. Laura pode ficar tranqüila, e nós também.
                Aplausos para André Vianco.



Bem longe de Crepúsculo

Terminei de ler O Turno da Noite Vol. 1 – Os Filhos de Sétimo, do expoente autor brasileiro André Vianco. E o resultado não poderia ser outro: envolvente, conciso e bem estruturado. Vale a pena conferir.

Classificação:







                 Os Filhos de Sétimo, com o subtítulo sugere, segue com a história que se desenrolou em Os Sete – primeiro título – e Sétimo, sequência deste. Da mesma forma, como poderíamos concluir, seria interessante, no mínimo, ter lido os dois primeiros livros antes de pegar o Turno da Noite para matar. Por razões nada óbvias não li o primeiro título. Mas isso não fez com que eu não conseguisse levar a cabo a leitura dos Filhos de Sétimo, pelo contrário, talvez a tenha tornado mais interessante ainda.
                A maneira como Vianco constrói seus personagens é muito boa. É envolvente e mágica. Se isso não quer dizer nada, basta analisá-los para saber que são, antes de tudo, humanos. Suas ações, seu comportamento diante dos acontecimentos que vão preenchendo as páginas do livro, suas falas, tudo isso revela humanidade. E há palavrões, afinal de contas, ele não seria brasileiro se não fizesse isso...
                No Turno da Noite Volume 1 os vampiros novatos Patrícia, Bruno, Raul e Alexandre são contratados pelo misterioso Ignácio, um vampiro sábio e cheio de intenções – se são boas ou não só saberemos com o desenrolar da história. Ao mesmo tempo em que precisam confiar em Ignácio, os quatro sabem que devem confiar desconfiando – é um olho no gato e um olho no peixe. Eles sabem que a qualquer momento as verdadeiras intenções do veterano serão reveladas, e o treinamento e todos os mimos oferecidos, cobrados. Assim, o Turno da Noite se mostra: um grupo de jovens vampiros, sedentos, fortes, bonitos e ferozes.
                Com andar do livro Vianco estabelece uma narrativa paralela, mostrando por onde andam as mulheres de Sétimo, Paola e Aléxia, além do casal Yuli e Marcos, que desejam deixar São Paulo rumo a Porto Alegre. As tramas paralelas fazem com que o livro não fique chato em nenhum momento.
               Não li muitos livros de vampiros para traçar um paralelo entre a obra de Vianco e outros escritores contemporâneos. Mas li Crepúsculo, e a distância é evidente. Claro que se trata de dois livros com públicos diferentes, e tramas diferentes. Stephenie Meyer escreve sobre o amor com vampiros, e Vianco concebe ação – ainda que ele possa mostrar o amor em seu livro sem ser meloso. Aí é que está a superioridade do texto de Vianco. Não é porque Stephenie é americana que o livro tem de ser melhor não! Vianco constrói uma trama envolvente e sedutora, como um vampiro... E então ele fecha alguns pontos, mata alguns personagens, e recomeça a te conduzir por seus meandros. Assim o livro vai seguindo, mudando de foco e de cenário. A seguir, em problema.
                A dificuldade de Vianco em manter algum segredo que sustente a trama é evidente, e aparece também em O caso Laura, um de seus mais recentes livros. Não li pelo suspense, apesar de ter de concluir que seria bom se ele conseguisse criar algum que realmente nos levasse na direção das páginas finais. A impressão que se tem é a de que não há grandes revelações, e, pelo menos em minha leitura, poucas surpresas. Há sim, um realismo fantástico que beira o “real”, e atende perfeitamente a todos aqueles que buscam livros atuais de verdadeiros vampiros, vampiros às antigas, sem purpurina nem reunião familiar que lembra mais a concentração de uma escola de samba antes da entrada na Sapucaí.
                Se bem que um bom samba caberia direitinho no livro de Vianco.
                     Sem mais delongas, vale a pena conferir, e só não aplaudi de pé por conta da falta de um grande segredo, ou no mínimo uma revelação que realmente nos surpreenda.


 

domingo, 12 de agosto de 2012

A menina que roubava livros

Classificação:


                          Realmente o livro de Markus Zusak faz jus a seu status de best-seller. É interessante, bem construído e um tanto quanto mágico. Poderia ser mais, com toda a certeza, mas é bom o suficiente para ser lido e lembrado de forma gostosa - que é como as coisas boas devem ficar na nossa memória.



            O livro é narrado pela Morte - isso mesmo, a Morte em pessoa - e nos coloca a par das desventuras da menina Liesel Meminger - a roubadora de livros -, na maior parte das vezes acompanhada do amigo Rudy. A cerne do livro se concentra na vida de Liesel, suas peripécias de roubadora e na convivência com as intempéries e demais acontecimentos da Alemanha nazista. Trata-se de um retrato da vida, da infância e da guerra. Nesse ponto, os acontecimentos históricos são um pano de fundo para o desenrolar daquilo que mais interessa ao autor: Liesel Meminger. O texto não é de uma beleza esparramada, mas das que se esconde. De passagens rápidas e simples.
                A maneira como Markus conduz o texto, mais uma vez, prova que a resposta para tudo na vida é a simplicidade: o texto é enxugado, é direto durante a maior parte do tempo. Os parágrafos são, em sua maioria, curtos e pontuados. Isso faz a leitura ficar leve e mais agradável, mas, ao mesmo tempo, pode empobrecer a percepção de narrativa para os que gostam de muito conteúdo. Claro que encher parágrafos não é sinal de riqueza de um texto, mas, visualmente, isso pode não agradar a todos os leitores. Mas agradou a milhões, o que já é ótimo...
                Confesso que não me emocionei muito até chegar aos capítulos finais. Durante todo o tempo antes do epílogo os acontecimentos apenas nos conduzem ao final, às mortes, e à inevitável queda do nazismo. Os personagens oscilam na narrativa entre suas ações propriamente ditas e as considerações da Morte. São personagens bem trabalhados, psicologicamente situados e, acima de tudo, verossímeis o suficiente para acreditarmos neles. Nesse ponto de definição de personagens e desenrolar de ações Markus é maravilhoso.
                O livro, ao caminhar para o final, mostra toda a sua força, mas ao mesmo tempo cria uma sensação de vazio. Vazio por não nos cercar com os acontecimentos - por apenas nos informar. Vazio por despejar as informações e deixar que nós conduzamos as emoções. Markus Zusak é brilhante, seu livro é maravilhoso. Só não aplaudi de pé por causa do final pouco envolvente e muito informativo, como um jornal de época.


     
         

 

domingo, 29 de julho de 2012

Série Fallen

Fallen

Classificação:



                É com grande satisfação que apresento a crítica de três livros que li já a algum tempo, mas que ainda não tinha conseguido apresentar. São eles, Fallen, Tormenta e Paixão, crias da mente da escritora Lauren Kate – que por sinal é muito criativa e vende bem. Mas isso não garante diversão...
Ler ou não ler Fallen não foi uma decisão tão difícil assim de se tomar, uma vez que eu já tinha lido a série Crepúsculo e pensei que o que viesse depois seria lucro. E foi a carismática série sobre anjos caídos que caiu sobre meu colo (ops, trocadilho barato!) – não exatamente um lucro grande, mas, analisando as histórias, posso dizer que obtive uma certa mais valia significativa, como poderia dizer Marx. Não quero comparar Fallen com Crepúsculo porque os livros falam de assuntos diferentes, apesar de serem para o mesmo público – adolescentes mulheres, em sua maioria – mas evitar tal comparação é impossível, de modo que tentarei ser profissional. O que afasta um do outro é a qualidade de Fallen e família em comparação com os livros de Meyer, apesar de ambos cansarem logo no segundo título. Lauren Kate tem uma narrativa impecável, voltada para a descrição de espaços e dos estados dos personagens, e isso funciona. Desafogar o mercado já abarrotado de vampiros também é bom, o que dá um ponto extra para os anjos. Mas acaba sendo só isso, e isso enjoa. E rápido.
                Fallen é interessante, denso, comunicativo e mais do que introdutório. Lauren Kate coloca os personagens num palco e vai administrando os acontecimentos, ainda que de forma lenta em muitas partes, mas de forma igualmente envolvente. Em outras partes ela desliza, como acontece quando cansa o leitor com os devaneios de Luce. Mas isso passa, assim como o livro passa fácil por quem gosta de ler. O problema é que eu esperava um pouco mais, e esse pouco não aparece nem mesmo no livro seguinte – Tormenta. Há sim, muita informação, mas é tão desinteressante que chega a doer. E essa história de amor eterno é angustiante. Já vivi demais para achar isso legal.      


                Ler Tormenta, literalmente, foi uma tormenta. Pensei em abandonar a série, mas já tinha comprados os livros, então, melhor aproveitar meu gasto inicial. Terminado Fallen, começado Tormenta, foram necessários mais de três meses - ! – para que eu conseguisse me interessar o suficiente pela sequencia para conseguir acabar com o livro. É chato demais, e agora a narrativa de Kate simplesmente não ajuda. É tudo tão desinteressante, e o afastamento temporário de Daniel parece um pouco com o que aconteceu com Eduard e Bella em Crepúsculo e, no fim das contas, você fica meio enjoado com esse amor pé-no-saco de Luce e Daniel. Passei pelo mesmo travamento quando li o horrível Lua Nova. A diferença de Meyer e Kate aqui é visível: enquanto que a mãe dos vampiros arma um palco enorme, faz o maior estardalhaço e nada acontece de sério com os principais (fala sério, não é tão bom quando um personagem do qual gostamos morre e a gente chora por ele?), Lauren Kate mostra para o que veio colocando o casal Luce e Daniel em meio a perdas verdadeiras, o que dá um tom mais real à história. Isso não salva a série, mas ajuda.


                Finalmente, o último que li da série, Paixão.  Nesse volume a autora gasta todo o seu livro e criatividade narrando as desventuras de Luce por meio de sua viagem no tempo. Menos encontros com Daniel? Com o do presente, sim, mas há uma versão do casal em praticamente todas a eras, desde o começo de tudo há 4,5 bilhões de anos (brincadeira)... Agora é sério. Dos três volumes, é o menos monótono, uma vez que praticamente cada capítulo se passa em uma época diferente. Isso garante novidades, mas, mesmo assim, é difícil você não enjoar do casal vinte. A habilidade de Lauren Kate em coordenar as ações de Luce e Daniel pelo tempo é louvável, mas, ainda assim, nada impressionante. Falta alguma coisa, e nem mesmo eu saberia dizer o que é. Acho que falta bom senso... Conversa vai, conversa vem, consegui terminar Paixão em menos de um mês, o que é bom, tendo em vista o tempo que demandou Tormenta.
                No, fim, a série Fallen, que conta com mais livros do que os que foram aqui criticados, só vale a pena se você for uma adolescente, ou no mínimo mulher – ambas extremamente desesperadas por diversão. De resto, é tão meloso e lento que fica praticamente intragável a qualquer um que espere mais ação.      
                Enquanto isso leio A batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr; A menina que roubava livros, de Markus Zusak e O Turno da Noite 1, de André Vianco. Boas leituras!